Touradas
Antonio Gala, ex-toureiro, nascido em 1937, escreveu na crónica dominical do “El País” EM 1995, um artigo no qual confessava a sua “conversão” a anti-taurino:
“E de repente [o touro] olhou para mim. Com a inocência de todos os animais reflectida nos olhos, mas também implorando. Era a revolta contra a injustiça inexplicável, a súplica face à crueldade desnecessária…”
Um dos espetáculos mais covardes, sangrentos e cruéis com animais que existe… Cultura na Espanha, México e Portugal!
A fiesta nacional da Espanha tem origem em caçadas a touros que rolavam já no século 3 a.C. No fim do século 18 – quando assumiu seu formato atual -, a distração já havia caído definitivamente no gosto popular. Somente na Espanha 300 mil touros morrem todos os anos em touradas. Crianças aprendem a ser toureiros matando filhotes de touro.
Turistas costumam frequentar touradas…
Hoje, as mais de 550 arenas espanholas empregam cerca de 200 mil pessoas, movimentando mais de 4,4 bilhões de reais por ano. Além da Espanha, as touradas são disputadas em países como México, Peru e Colômbia.
No Brasil, festas como a Vaquejada e a Farra do Boi – hoje proibida – também judiam dos bichos.
O QUE ACONTECE EM UMA TOURADA:
LUTA DESIGUAL:
Os touros acreditam ser muito valentes… mas não o são.
Pelo menos 24 horas antes de entrar na arena, o touro é mantido numa prisão às escuras, para que ao soltarem-no, a luz e os gritos dos espectadores o assustem e ele tente fugir, saltando as barreiras, o que produz no público a ilusão de que o touro é feroz, mas a condição natural do touro é fugir, NÃO é atacar. Eles enxergam preto e branco, por isso o que os incita é o movimento da capa vermelha usada pelo toureiro.
Cortam-lhe os cornos para proteger o toureiro. Põem-lhe às costas sacos de areia, durante horas. Batem-lhe nos testículos e nos rins, provocam-lhe diarreia, deitando sulfatos na água que bebe, para que chegue fraco e desorientado à arena. Untam-lhe os olhos com gordura para lhe dificultar a visão e deitam-lhe nas patas uma substância que lhe produz ardor e o impede de ficar quieto, para fazer reluzir a actuação do toureiro.
O SHOW DE HORRORES COMEÇA:
Se o toureiro percebe que o touro investe com muita energia, ordena ao picador(homens que estão a cavalo para auxiliar) que faça o seu trabalho: Consiste em sangrar o touro para o debilitar, cravando-lhe no lombo uma lança que destrói alguns músculos (trapézio, romboideu, espinal e semiespinal, serráteis e transversos laterais) e, além disso, lesiona vasos sanguíneos e nervos. Os cavalos são vendados – para não se assustarem com o touro – e cobertos com uma lona grossa para protegê-los das chifradas.
As bandarilhas (espadas afiadas enfeitadas) asseguram que a hemorragia continue, por isso, tentam colocá-las justamente no sítio já picado com os ganchos metálicos. O gancho move-se dentro da ferida a cada movimento do touro e com o roçar da muleta, o peso das bandarilhas tem precisamente essa função.
Algumas têm um arpão de 8 cm a que chamam “de castigo”.
As bandarilhas prolongam o agravamento e aprofundamento das feridas internas. Não há limite para o número de bandarilhas: tantas quantas forem necessárias para destroçar os tecidos e a pele do touro…A perda de sangue e as feridas na espinha dorsal impedem que o touro levante a cabeça de maneira normal, e é quando o toureiro pode aproximar-se mais. Com o touro já próximo do esgotamento, o toureiro já não se preocupa com o perigo e pode até dar-se ao luxo de virar as costas ao touro, depois de um passe especialmente artístico, atirando o peito para fora e pavoneando-se para receber os aplausos do público em histeria.
O povo grita: Olé!
A MORTE E A HUMILHAÇÃO:
Quando o touro atinge este estado lastimável, o matador entra na arena numa celebração de bravura e de machismo, enfrentando um touro exausto, moribundo e confuso.
Com a capa rente ao chão, o toureiro vai colocando o bicho na posição ideal para o bote: de cabeça baixa e patas dianteiras juntas. Com isso, ressalta a área logo acima do pescoço, onde será dado o golpe fatal
O touro é atravessado por uma ESPADA de 80 cm de comprido, que pode destroçar-lhe o fígado, os pulmões, a pleura, etc., segundo o lugar por onde penetre no corpo do animal. Se a estocada atingir a aorta (o que nem sempre acontece), a morte é instantânea. De fato, quando destroça a grande artéria, o touro agoniza com enormes vómitos de sangue.
Por vezes morrem afogados no seu próprio sangue…
O touro, numa tentativa desesperada por sobreviver, resiste a cair, e tenta caminhar penosamente até à porta por onde o fizeram entrar, procurando uma saída a tanto maltrato e dor. Mas então apunhalam-no na nuca com o DESCABELLO, uma outra espada que termina numa lâmina de 10 cm. Apesar destes terríveis tormentos, o animal não consegue morrer de imediato pela sua grande força, mas finalmente cai ao solo, porque a espada foi destruindo os seus órgãos internos…
Após lhe terem destroçado as vértebras, o touro perde o controlo sobre o seu corpo desde o pescoço para baixo. No entanto, a cabeça mantém-se intacta, pelo que está consciente de todo o horror que lhe está a acontecer e de como está a ser arrastado para fora da arena.
A luta toda dura em média 20 minutos. Se o desempenho do toureiro for excepcional, ele recebe o prêmio máximo – as duas orelhas e o rabo da fera, cortados na hora -, além de sair da arena nos ombros da galera. Quanto ao touro, sua carcaça é arrastada para fora da arena e sua carne é vendida aos açougues locais…
CORRIDA DE PAMPLONA – SAN FERMIM – ESPANHA
De 7 a 14 de julho touros correm transtornados e são mortos pelas ruas de Pamplona na Espanha, durante os “encerramentos” da Festa Tradicional de San Fermín.
Os touros são criados nos campos e não estão acostumados a barulhos e aglomerações de pessoas. Uma vez que se abrem os currais, são obrigados a correr mediante choques elétricos e gritos, e para que “ataquem” e corram a toda velocidade são espancados e hostilizados pelos “corredores”, que usualmente levam jornalistas para gravarem o evento. As esquinas das ruas de Pamplona são muito fechadas, e os animais muitas vezes escorregam e caem, sendo espancados com murros e machucados com as barreiras de contenção, torcendo os membros, ferindo-se gravemente quando caem em blocos, enquanto pessoas se divertem com o sacrifício do animal.
Além dos animais indefesos que são covardemente feridos, os próprios corredores que participam do massacre animal caem e se ferem nas ruas, tudo em nome desta “tradição”. Todos os touros, que pelas manhãs correm em Pamplona, vão direto ao encontro da própria morte, terrível, cruel e covarde. As corridas celebradas em período vespertino, são as mesmas, celebradas na praça dos touros onde são encerradas pela manhã.
Turistas adoram este evento!
OUTRAS CRUELDADES COM TOUROS:
- El touro de Vegas
Em Tordesilhas, numa tradição do século XV, um grupo de cavaleiros com suas lanças, como também uma multidão enfurecida, estressa, fura, espeta e maltrata um touro até a sua morte. - El toro júbilo
Os habitantes da cidade de Medinaceli em Sória, desde o século XVI, encaixam na cabeça do touro um artefato de metal que se ajustam às pontas do chifre, umas grandes bolas com fogo. Em Medinaceli já não se mata o touro mas existem outros 140 municípos de Valência que incluem os “touros de fogo”, como também são conhecidos, em seus festejos. Um total de 1200 animais sacrificados por ano. Muitos tentam se matar e morrem queimados. - Toros enmaronados
Também conhecido como “toros ensogados”, os animais são amarrados pelos cornos e arrastados pelas ruas das cidades. As cordas produzem traumatismos na base do chifre e cortes nos músculos do pescoço. Faz parte dos festejos de Aragão, Navarra, La Rioja, Andaluzia, Valência e em Castela e Leão. - Toro de San Juan
Dentro de um local amuralhado um toUro é solto para que os habitantes e visitantes lançam “soplillos” que são grossos alfinetes enrolados em papel e lançados com zarabatanas. Depois disso o animal é sacrificado com tiros. Existem ainda as corridas anteriores às touradas e o lançamento do touro ao mar.
DICA: Assista o filme lançando em 2018 que concorreu ao Oscar de Melhor Animação que além de muito fofo, mostra um pouco da realidade dos touros de touradas: O Touro Ferdinando do brasileiro Carlos Saldanha!